Alguém aí está acostumado a viver entre altos e baixos? Qual criador nunca se viu inconformado com o fracasso de sua melhor obra e o sucesso daquilo que considerava menos valioso? Quem nunca teve de criar novos mercados para poder escoar suas criações?
Resiliência é a propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à sua forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. No mundo dos negócios, essa palavra ganhou um novo sentido, que a capacidade de adaptação das empresas às mudanças.
Não tenho nenhuma pesquisa para sustentar a afirmação que farei a seguir, portanto quero considerá-la apenas como uma hipótese: - os criadores são os seres mais resilientes. E explico o porquê.
A frustração e a incerteza são matérias-primas valiosas para a criação. O mundo volátil dos negócios torna-se um jogo de probabilidades. Quando o tempo está bom demais não custa problematizar, apenas por diversão. Quando está horrível é só criar novas possibilidades.
O vai-e-vem, a sanfona financeira é parte do negócio criativo. Ficamos às vezes anos investindo em um processo criativo, acreditando que aquilo um dia se tornará um produto bem acabado e pronto para o mercado.
O mercado é sempre hostil para quem cria o novo, o diferente. É raro um grande criador que não tenha enfrentado a fúria e a insatisfação do público. Quantos não morreram antes de ver sua obra aclamada pelo público? Franz Kafka, autor de “Metamorfose” e “O Artista da Fome” é o melhor exemplo disso.
Isso sem contar o enfrentamento de ambientes de censura ou de exceção como o que vivemos, de imposição moral ou ideológica.
Antes de tudo, é preciso criar a si próprio. E se recriar, sempre. Resistir, recompor, repensar, renascer, refazer são verbos inerentes.